Mais um dia amanheceu e com ele suas preocupações cotidianas, sejam elas no âmbito familiar, afetivo, de saúde, de situações econômicas, etc. E as perguntas que insistem em nos acompanhar: o que será do nosso futuro? Quando tudo isso vai passar? O que fazer para melhorar nossa situação?
Mal chegou o meio dia e nós já estamos tomados por múltiplos sentimentos, alguns de uma só vez. São eles: a angústia, o medo, sensação de perda de controle, pessimismo, cansaço (mesmo que ainda não tenhamos feito “nada” até aquele momento), irritabilidade, mudança no apetite, insônia ou hipersonia, desesperança, etc.
Algumas vezes podemos estar num tempo cronológico, mas os pensamentos e o coração num tempo que ainda não existe, mas está acontecendo dentro de nós e nos faz sentir como se estivéssemos vivendo naquele momento… o que exatamente estamos pensando. Quando choramos e não sabemos explicar o motivo, quando nada tem mais prazer como antes, quando já se acabou a criatividade e muitas vezes a vontade de fazer novas coisas.
Se ao ler os sentimentos e pensamentos mencionados acima, você se identificou com alguns deles, isso deve ser olhado com carinho e cuidado, pois se estão ocorrendo num tempo maior de um mês, podem indicar que você esteja passando por um período de ansiedade acentuado e em alguns casos que devem ser analisados de forma particular por um profissional, você pode até mesmo estar passando por algum episódio depressivo.
Esses sentimentos geralmente começam por acontecimentos externos ou internos, que ocorreram na nossa vida e na psicologia chamamos de “gatilho”. Existem muitos exemplos de gatilhos, alguns deles como: término de relacionamento, desemprego, morte de um ente querido, conflitos do passado ou do presente que estão mal resolvidos, problemas familiares, baixa autoestima, crenças de incapacidade, insegurança, estresse, confinamento social, dentre outros.
Vamos falar um pouco de confinamento social, nesse período com um bombardeio de informações e situações, estamos com milhares de pensamentos que acabam gerando em nós uma emoção ou um comportamento. Nós somos o que nós pensamos, seja de nós mesmos, das pessoas e do mundo que nos rodeia, que na psicologia chamamos de “tríade cognitiva”, ou seja, nossos pensamentos nos regem, com eles podemos ser nossos melhores amigos ou nossos piores inimigos.
Podemos nos impulsionar ou nos paralisar. Como você tem alimentado seus pensamentos nessa época de confinamento? Essa resposta é muito importante para mantermos a sanidade mental, pois sem ela não podemos realizar nossos sonhos e objetivos. Evite se comparar com as outras pessoas, pois a comparação é uma das maiores fontes da infelicidade, foque naquilo que faz seus olhos brilharem, e não o que aos olhos dos outros brilham. O que pode ser felicidade para o outro, pode não ser para você, siga seu próprio caminho.
Nesse momento mesmo que seja incerto, não podemos parar de sonhar, mesmo que esteja longe de acontecer, nossos sonhos e objetivos nos mantém vivos e ajudam a vida ganhar sabor e novo sentido. Nunca tivemos o amanhã garantido, mas ainda temos o tempo presente para viver e fazer o dia de hoje melhor do que foi ontem. Pense o quanto já enfrentou lutas na sua vida para chegar até aqui, que muitas coisas que você achava impossível de acontecer e se realizou. E as que não se realizaram que seja uma nova meta na sua vida. Lembre-se que esse momento de pandemia ou qualquer outra situação vivida advinda dela, não é eterno e vai passar, faça sua parte e faça o melhor também para o coletivo, lembre-se, você não está num planeta sozinho.
Se estamos felizes aproveitemos cada segundo porque ele vai embora, se estamos em um momento difícil, do qual compartilhamos agora, ele também terminará e talvez nos traga uma forte experiência de vida ou até mesmo um aprendizado.
Não desista, a vida ainda tem muitas possibilidades e oportunidades, nada é definitivo, nem quem nós somos, estamos em processo de construção, transformação, podemos sim aprender coisas novas sobre nós mesmos, nos reinventarmos, olhar de um jeito diferente ao que nos acompanha.
Caso esteja sendo muito sofrido, quase que insuportável, não enfrente isso sozinho, busque ajuda de alguém que você confia, um amigo, um familiar, especialmente de um profissional psicólogo que estará ali para te ajudar e não te julgar, para seguir junto com você um caminho novo para sua vida.
Graduada em Psicologia – UNISAL.
Psicóloga cognitivo comportamental.
Voluntária em Angola nas escolas e com crianças em situação de risco.
Criadora do projeto social “Escuta Legal”.