Luiz Cláudio Rodrigues Alves, um oficial superior, um Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pai de um linda garotinha de 8 anos se transformou na madrugada de hoje na mais recente vítima de algo que vem se transformando num dos maiores problemas da Instituição: o suicídio.
Muito provavelmente ao longo da minha carreira tenha me relacionado com o Major Rodrigues Alves, provavelmente em alguma reunião, curso ou evento institucional.
Ao ver hoje a sua foto no Facebook, sua fisionomia não me pareceu estranha, mas não consigo me lembrar exatamente de quando e onde nos cruzamos ao longo de nossa carreira.
Imediatamente comecei a receber nos grupos de whatsaap que participo, menções elogiosas ao oficial, comentários sobre a sua retidão no comando e seu respeito para com seus subordinados.
Em seis dias houve três suicídios de policiais militares, incluindo o caso do Major Rodrigues Alves. Antes dele, nos últimos dias, uma policial militar na capital do estado tirou sua vida logo após cometer homicídio contra a própria filha e, antes disto, um outro policial militar se matou na cidade de Cosmópolis.
Estes três casos, infelizmente não são isolados e refletem uma realidade que nossos mandatários fingem não existir: nossa tropa está doente!
A atividade policial por si só é estressante ao extremo, suportável apenas por aqueles vocacionados para ela.
Não obstante a natural dificuldade, com salários humilhantes, nossos policiais militares, para honrar seus compromissos financeiros se submetem a escalas desumanas, que não poucas vezes chegam a 16 horas diárias e mais de 120 semanais.
Sem descanso, sem possibilidade de lazer e afastado da família, nossos homens e mulheres não estão suportando a pressão e, alguns, infelizmente, escolhem o caminho do suicídio.
Antes de perder a vida, alguns estão perdendo os casamentos, os filhos, os amigos, a saúde, o equilíbrio emocional.
Ao ler as mensagens postadas pelo Major Rodrigues Alves no seu perfil no Facebook poucos minutos antes dele atentar contra a própria vida, tive a certeza de que estamos diante de um grave problema.
Estamos literalmente “coisificando” as relações, ignorando o próximo e, olhando só para o próprio umbigo, como se o mundo não fosse um lugar de gente e de relações interpessoais.
Nós policiais militares não somos máquinas, temos limites e sucumbimos como qualquer outra pessoa e, o que nos difere é a natureza da nossa missão.
Estamos doentes!
Precisamos de ajuda!
Nos ajude, pelo amor de Deus